sábado, março 15, 2003

Parece-me que estamos todos de acordo, relativamente ao tipo de ambiente de trabalho que devemos criar na sala de aula. Na leitura que fiz da norma 5, os aspectos que mais me chamaram a atenção prendem-se com o respeito pelas ideias dos outros, com a valorização do raciocínio e do sentido dos conceitos e soluções e com o ritmo e tempo que permitam aos alunos questionar-se e pensar. Penso que nunca devemos subestimar o poder de raciocínio dos nossos alunos, ridicularizar um raciocínio menos conseguido, mas sim tentar perceber o que está por detrás de tais raciocínios, promovendo o debate de ideias. Apraz-me dar-vos um exemplo de um raciocínio que considerei inicialmente errado e que depois se mostrou brilhante, ao debater, apressadamente a resolução do enigma do mês com um aluno no intervalo de uma aula . Enigma: “Timóteo alugou um carro para se deslocar à cidade vizinha, que fica à distância de 100 Km. A meio do caminho entra um amigo e faz com ele os últimos 50 Km. À noite Timóteo faz o caminho inverso, leva o amigo e deixa-o no local onde tinha entrado. Chega ao ponto de partida, onde entrega o carro, e paga 1,20 euros de aluguer.Timóteo e o amigo contribuem equitativamente para a despesa. Qual é a parte de cada um?” . O aluno em causa respondeu prontamente 75 e 25. Disse-lhe que estava errado pois pensei que falava de cêntimos. Contudo a sua resposta imediata ficou-me na cabeça. Quando o encontrei novamente interroguei-o para saber o que estava por trás desse raciocínio, ao que constatei que falava de percentagens, 75% e 25%. Diga-se que aquando da correcção do enigma do mês foi o único que apresentou este raciocínio.
No essencial, se promovermos o debate e confrontação de ideias, apelando para a necessidade da justificação das mesmas, encorajando os alunos a ser perseverantes, contribuiremos para um bom ambiente de aprendizagem.