domingo, março 30, 2003

Em turmas numerosas e com alunos de capacidades e personalidades tão distintas, torna-se obrigatório uma reflexão constante sobre a acção do professor na sala de aula: De que forma influencia a atenção e motivação do aluno, as actividades que desenvolve, com mais ou menos sucesso, a atitude, a compreensão dos conteúdos, os raciocínios matemáticos, o empenho, etc.
Creio que todos nós com maior ou menor intenção efectuamos permanentemente esta análise, seja no decorrer das aulas, seja mais tarde ao reflectirmos sobre o que se passou, muitas vezes em conversas com colegas de trabalho.
O professor deverá ser capaz de criar um conjunto de estratégias que lhe permitam retirar informações sobre cada um dos seus alunos. Verificamos muitas vezes que estas se encontram em contradição com a informação que retiramos dos testes.
Tenho um aluno do sétimo ano que manifesta em todas as aulas interesse, empenho e grande capacidade de interpretação e compreensão das actividades propostas. É quase sempre o primeiro a resolver os problemas e desafios que levo para a sala de aula. Raramente falha quando o questiono sobre determinado assunto, mesmo quando está a ser tratado pela primeira vez. No entanto, nos testes de avaliação não consegue ir além dos 60%. Falei com ele em muitas alturas, respondendo sempre que se atrapalha muito nos testes e que por isso detesta ter que os fazer. “Prefiro quando a professora me pergunta directamente”, afirmou ele por diversas vezes.
Sinto necessidade de construir outros instrumentos de avaliação, como chamadas orais ou trabalhos individuais, para justificar uma eventual atribuição de nota muito desfasada dos resultados que obtém nos testes.
A avaliação do processo de ensino e de aprendizagem tem como objectivos, diagnosticar e registrar os progressos do aluno e as suas dificuldades, possibilitar que os alunos auto-avaliem a sua aprendizagem, orientar os alunos quanto aos esforços necessários para superar dificuldades, rever e adaptar as planificações, no que diz respeito às actividades propostas, à orientação do discurso e ao ambiente criado na sala de aula.
Não devemos, por isso, esquecer esta prática tão importante e sobre a qual deverá assentar toda a nossa acção enquanto professores de matemática.