domingo, março 16, 2003

O ambiente da sala de aula é um elemento fundamental para a motivação dos alunos.
Um aluno interessado é um aluno motivado. Por isso, devemos construir as nossas aulas, com base nos interesses dos alunos, no que mais lhes apetece e agrada fazer.
É a partir da criação de um bom ambiente nas aulas que se poderá alcançar o sucesso do processo ensino aprendizagem. Aliás, este deverá ser o primeiro aspecto a ter em conta pelo professor, na preparação das suas aulas.
No início do ano lectivo, não tinha qualquer ideia sobre o tipo de ambiente que iria criar nas minhas aulas. Não conhecia os alunos com quem iria trabalhar, pelo que de nada serviram os conselhos que os colegas mais velhos teimavam em me dar. Nos primeiros tempos fui-me apercebendo que em ambas as turmas, as respostas às minhas questões eram dadas quase sempre pelos mesmos alunos. Percebi que tal não podia continuar a acontecer, até porque alguns começavam a queixar-se da situação. Aos poucos fui dirigindo as minhas questões a alunos que nunca participavam, mantendo uma atitude passiva ao longo das aulas. Começaram a ir ao quadro por ordem, e a não responder imediatamente às minhas questões, dando tempo aos colegas para pensar. Aquando das discussões sobre determinados assuntos e debate de ideias, alertei-os para o facto de que todos os contributos eram bem vindos, e que em vez de ridicularizarem as respostas de algum colega, deveríam pensar no raciocínio que o teria levado a tais conclusões. Só assim poderíamos tornar mais rico o confronto de ideias.
Na turma do sétimo ano, os alunos são competitivos, sendo muito sensíveis aos comentários que por vezes poderei fazer sobre o sucesso ou insucesso deles em determinadas actividades. Quando lhes peço que façam algo, sei que alguns o farão correctamente e outros não, no entanto, estes últimos beneficiam muitas vezes ao observarem os outros; ao ver os resultados obtidos pelos colegas entusiasmam-se a fazer o mesmo. Cheguei à conclusão de que os alunos se motivam uns aos outros.
No final da abordagem que fiz sobre operações com números inteiros relativos, propus numa aula, actividades com quadrados mágicos. Todos os alunos se envolveram. Alguns, porque os consideravam mais um jogo do que propriamente formas de os levar a pensar nos conteúdos anteriormente abordados, mostraram-se extremamente empenhados em serem os primeiros a acabar.
Ficavam muito tristes quando pensavam terem descoberto uma solução e devido a um erro numa operação, verificavam que tinham que começar tudo de novo. Os mais rápidos acabaram por ajudar os que não conseguiam preencher os seus quadrados mágicos. Ouvia-se: ” Consegui! Oh não! 6-24 não são 18 mas sim-18”, “ Tens isto mal! O produto de dois números negativos não é um número negativo, pois não professora?” Não respondi. Outro aluno disse:"É Claro.O produto só é negativo quando têm sinais contrários. Menos com menos dá mais."
Ao transformar a aula num lugar estimulante, que desperta a curiosidade e dispõem de uma variedade de materiais e actividades, verificamos com satisfação que os alunos se envolvem activamente em tudo o que é proposto na sala de aula.
Quando lhes fazemos certas exigências ou elogiamos os seus esforços, demonstramo-lhes o interesse que sentimos pela sua aprendizagem e o quanto nos preocupamos com eles e com os seus sentimentos.