sexta-feira, julho 25, 2003

Infelizmente, o testemunho deixado pela Lara não é espécie rara ao longo da nossa profissão. Já passei por imensos casos destes ao longo da minha ainda curta experiência e, talvez por isso, nas reuniões de conselho de turma a que presido sou sempre a última a dar a opinião acerca da passagem ou retenção de um aluno. Por este motivo, já ouvi comentários do tipo: "Estou admirada! Rara é a directora de turma que não tenta puxar as notas dos seus alunos para eles passarem!" Só para fazerem uma ideia, este ano a minha direcção de turma era considerada a melhor do seu ano. No entanto, foi aquela em que reprovaram mais alunos.
Muitas vezes, questiono se estou a fazer bem ou mal, mas algumas situações que já vivi ao longo da minha actividade profissional têm vindo a dar-me razão.

sábado, julho 19, 2003

Nesta minha primeira leitura, constatei que aqui se debate um tema, muito interessante, que também me deixou muito decepcionada na minha experiência como estagiária: as REUNIÕES! Felizmente, aqui senti que algumas pessoas partilham, pelo menos em parte, a minha opinião. Gostaria de partilhar um momento muito especial da minha última reunião de conselho de turma do 8ºano... comentários deixarei para quem ler este breve testemunho....
Para melhor poder descrever o que se passou, vou tratar por "Zé" um dado aluno da minha turma. Fazendo uma breve contextualização, o "Zé" é um aluno que apesar de não ter dificuldades de aprendizagem, não revelou desde o inicio do ano qualquer interesse por nenhuma disciplina. Foi alvo de diversas faltas disciplinares (apesar de na minha disciplina não ter nenhuma pois nunca me faltou ao respeito, nem teve atitudes perturbadoras), nunca fez o trabalho de casa a nenhuma disciplina e apenas se interessava em gozar com alguns dos seus professores.
No momento em que se conferiam as notas lendo-as em voz alta, a directora de turma transmitiu que esse aluno apenas tinha 3 negativas e que por isso iria transitar de ano. O meu espanto foi tal que comentei:"Estou admirada!" . Após um breve murmurinho, um dos colegas diz que a sua nota está errada pois o "Zé" tinha avaliação negativa na sua disciplina. De seguida, outra colega disse que apenas deu classificação positiva porque a directora de turma tinha "pedido" dado que o aluno apenas tinha 3 negativas , e com a dela seriam quatro. Ou seja, o aluno na realidade tinha 5 negativas, mas tinham sido camufladas pela directora de turma!
Após uma demorada discussão de mais de 30 minutos, outra colega decide mudar a sua nota e dar classificação positiva porque tinha "pena" do aluno. O "Zé" nessa disciplina tinha obtido apenas duas classificações positivas baixas ao longo de todo o ano, e o comportamento bem como a sua aplicação já foi descrita. Para meu espanto, a directora de turma mais uma vez manobrou as notas de alguns colegas (que permitiram!) e o aluno transitou! A partir desse momento, dadas as comparações inevitáveis todas os outros alunos tiveram de passar, e apenas ficaram retidos dois alunos.
A minha revolta foi notória, e a questão que levantei foi: "Um aluno que nunca se esforçou para alcançar resultados positivos, que teve comportamentos inaceitáveis com alguns professores, que nem sequer obteve resultados positivos em 5 disciplinas, e transita de ano, qual acham que vai ser o seu comportamento e as suas atitudes no próximo ano lectivo?". Mas a culpa desta e muitas outras situações, que se geram nas escolas, será que é dos alunos? Da falta de educação/família? Ou será que é de alguns professores?
Sempre pensei que os professores tivessem um papel fundamental no combate à indisciplina... afinal foi assim que esse assunto foi debatido ao longo da minha licenciatura... fiquei "chocada" e de certa forma desiludida por ver colegas a premiar e a colaborar com esse tipo de comportamentos! Apenas espero que tenha sido um caso particular, mas sinto que muita coisa tem de ser feita para melhorar o ensino... e nós que ainda estamos a começar temos de ser capazes de combater com as poucas "armas" que ainda temos situações como estas... e não podemos nos deixar intimidar por comentários do género "São estagiários", "São inexperientes",... pois não somos nós que estamos errados! E só assim é que um dia poderemos sonhar com um ensino justo e coerente, para as gerações que nos seguirão!

quarta-feira, julho 16, 2003

No que respeita à existência destas reúniões e da análise de decretos e mais decretos, penso que faz parte da nossa profissão uma constante pesquisa e consequentemente um estudo de tais leis. Não considero assim tão importante uma disciplina na Universidade para nos dar conhecimento de todas estas borucracias. O que eu penso realmente é que estas reuniões não são aproveitadas para proveito do ALUNO. A culpa é nossa!!! Em todas as reúniões do meu 7º Ano insisti para criarmos estratégias para melhorar o comportamento de alguns alunos mas sentia o olhar dos meus colegas e quase que posso adivinhar os seus pensamentos: " É estagiária! Vamos despachar-nos!". Mas a verdade é que se um qualquer professor levar um assunto para a reunião o Conselho de Turma tem que debater o assunto, assim, pelo menos isto está nas nossas mãos mudar !!!

sexta-feira, julho 04, 2003

Partilho da opinião do Paulo, é necessário sair da universidade com conhecimentos mais práticos que nos facilitem a integração na realidade escolar. Disciplinas como Desenvolvimento Curricular e Organizaçao, deveriam na minha opinião ser mais concretas e menos teóricas. Deveriamos ter oportunidade de visualizar porque não algumas reuniões (em video), para assim termos ideia de como funcionam e da realidade que nos espera.
Relativamente às reuniões de Grupo e Departamento, que existem ao longo do ano lectivo e que só se realizam porque tem de ser. Penso que nestas, deveriam ser analisados os decretos de lei mais recentes e tudo aquilo que seja pertinente para um professor.
O que me fui apercebendo é que um professor vai crescendo com a prática e tem que efectuar um estudo continuo para se sentir preparado nos mais diversos aspectos.

quinta-feira, julho 03, 2003

Relativamente ao que o Paulo refere, quanto ao stress das reuniões e de determinadas burocracias da escola, os normativos estudados em disciplinas como Desenvolvimento Curricular e Organizacão e Administração Escolar não são suficientes? Como operacionalizar tal ideia numa cadeira como a de Metodologia. Criar cenários ficticios? Analisar documentação? Tal ritual não fará parte da aprendizagem com a prática? Não esquecer que a prática será a Universidade da vossa vida profissional. Pergunto-vos se nessas reuniães debatem estratágias para minimizar determinados comportamentos dos alunos, em elevar os indices de sucesso, em dialogar com os pais, em criar hábitos de trabalho nos alunos, ...
Estamos na fase das avaliações. Existem reuniões e mais reuniões, decretos de lei e mais decretos de lei. Ao longo do ano lectivo fomos confrontados com reuniões de departamento, conselhos de turma, conselho pedagógico e respectivas burocracias. Não acham que, para o bem dos futuros estagiários, no ano antecedente ao estágio, deveria existir um cadeira que contemplasse e simulasse este tipo de reuniões, pondo os alunos a par das realidades da nova escola e da sua orgânica?

quarta-feira, julho 02, 2003

"Pais para quê?" É um pensamento que está na cabeça de muitos dos pais dos nossos alunos. A escola é para os alunos e professores, "Pais para quê?" Sendo assim eu pergunto "Pais para quê no final do ano?" Nota-se uma relativa preocupação dos pais pelos seus filhos mas só no final do ano. Ainda se cultiva a cultura do "milagre do final do ano". A meu ver a maioria dos pais só está interesada em saber se terá de comprar novos manuais no próximo ano. Os alunos de hoje são depositados na escola no início do ano escolar e são recolhidos no final do mesmo, com pena dos pais pois já não há escola nas férias. Penso que se os pais acompanhassem em casa os seus filhos, e não falo num acompanhamento no sentido de lhes ensinar, se mostrassem interesse pelas actividades que eles desenvolvem na escola, os próprios alunos começariam a dar mais valor ao trabalho desenvolvido pela comunidade escolar.